9 de mar. de 2012

A PALAVRA VESTIDA por MARIETA GRAND

A Palavra Vestida
(Para Esther)

Os olhos sentaram-se na primeira fila
Para apreciar o desfile!
Vestiram as palavras com entusiasmo,
Otimismo e energia.
Um fundo musical suave
Compôs um clima de encantamento e magia.

As palavras de cores variadas,
Azul denso, azul pálido, brancas, singelas,
Verdes, vermelhas, estampadas, amarelas...
Todas se alternavam – no ritmo da passarela.

Palavras de veludo fino, de algodão grosso, palavras de seda macia, serena,
Palavras de linho nobre, imponente
Como um fim de tarde sorridente.






Joguei o dicionário para o alto, 
as palavras foram caindo, caindo, 
espalhando-se pelo chão.
Uma a uma, eu as recolhi, 
vestindo-as com carinho e emoção.
Marieta Grand


Era membro da ANE - Associação Niteroiense de Escritores, 
publicou os livros, Alma Despida e A Palavra Vestida, 
sendo o último pela Editora Muiraquitã. 
Foi proprietária durante 56 anos, da loja Grand Jóias, 
localizada em Icaraí, Zona Sul de Niterói. 
Morreu no Rio, aos 85 anos

"Era uma pessoa muito querida e admirada por todos. 
Ela congregava amigos em todos os lugares que ia. 
[Betty Grand, filha.]

"Há o momento em que o silêncio grita, 
e esse é o momento de gritar. 
Ela era uma batalhadora 
e morreu lutando". [Carlos Grand, filho]

"Havia sempre uma palavra carinhosa 
para ser dita por Marieta, 
sempre com muita sensibilidade. 
Era uma mulher inteligente, 
culta e uma brilhante escritora, 
cujas palavras saíam do coração 
diretamente para as folhas de papel. 
Foi um privilégio ser sua amiga" 
 [Nina Rita Torres, presidente do 
Grupo Fluminense de Comunicação]






Palavras recolhidas na terra, no céu, nos espaços,
Palavras românticas com rendas delicadas,
Jabôs engomados, georgete rebordada,
Palavras de gola vitorianas, plissadas.

Palavras de muitos contrastes,
De superposição com xales e aconchego,
cardigãs com muita considerações.

Palavras para noites especiais,
O longo suntuoso, de tecido farfalhante,
Pretos resplandecentes,
Lamês dourados de afeto,
Os prateados de doçura
Que as estrelas bordam de luz!
Tudo é festa.

Palavras de tafetá com opulência,
Palavras de matelassê iluminado,
Pique, composê, viscose modesta,
Gorgorão, chintz plush,
Palavras vestidas de brocado

Palavras de tule, chiffon, musselinas,                                      
Finas leves, transparentes,
Que envolvem o corpo
Quente, ardente...

Calma, calma.

Ninguém percebe,
No aparente, o que dói
- dentro da gente!


E-mail para encomendas: editora.muiraquita@gmail.com
ISBN: 978-85-7543-076-7 R$25,00
Edições Muiraquitã 
De Niterói para qualquer região do Brasil, 
via correio.




2 comentários:

  1. Linda homenagem e o poema é belíssimo! Revela coração de especial sensibilidade.

    Abraços!

    Sonia Salim

    ResponderExcluir
  2. Sonia Salim, serei sempre grata por seu apoio ao nosso trabalho...

    Sabe que ainda hoje consegui resolver o problema com a nossa caixa de mensagens? Pois é... diz o ditado que "em casa de ferreiro o espeto é de pau". Risos. Mas agora, vamos pode interagir mais aqui no blog da Editora Muiraquitã, deixando inclusive os comentários visíveis para todos. E a caixinha de comentários sempre visível também. Um grande abraço querida.

    ResponderExcluir