11 de mar. de 2016

"...amor profundo e respeito ao mestre Umberto Eco sempre me conduziam a um novo trabalho dele."

Bela homenagem do nosso amigo, designer, artista plástico, colaborador e parceiro André Luiz Barroso ao, já saudoso, Umberto Eco.

"O corpo se vai, mas a obra é eterna. Temos saudades, como fã de algo que possa ser ainda produzido
ou pensado. Talvez se tivesse conhecido pessoalmente, poderia dizer que pudesse sentir falta, da sua boa conversa ou passar um tempo sorvendo vinho e falando besteiras. Quando um autor como Eco é admirado, começando com o romance O nome da Rosa e passando por todos os livros de reflexão teórica sobre comunicação visual e passando por sua teoria do ócio producente, caminhamos sempre a seu lado. E quantos foram... Baudolino, cemitério de Praga, História da beleza, Como se faz uma tese, Estrutura ausente, Até o final dos anos setenta, a crítica literária esteve profundamente influenciada pelo estruturalismo e pela primazia, atribuída por esse movimento, ao texto em si. A partir dos anos 80, no entanto, o quadro teórico inverteu-se e os estudos no campo da teoria literária passaram a priorizar os problemas da recepção dos textos. Eco foi concretista e negou seu concretismo por achar que tudo já havia se falado. Sorte nossa. Certa vez escreveu:

"Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo custo razões de ciúme." (A ilha do dia Anterior). 


Ele é aquilo que sempre nos faz conhecer algo mais. É sempre o que me abre para algo mais. Desconstruía e construia minhas informações e amor pela leitura, seja um romance ou didático. Desconstrução sugere destruição, negação, niilismo... Entretanto, aos olhos de Derrida a desconstrução é uma estratégia afirmativa e não negativa. Por isso, esse sentimento de amor profundo e respeito ao mestre sempre me conduziam a um novo trabalho dele, mais do que qualquer autor (me perdoem Suassuna, Nietzsche, Alberti, Panofsky e Foucault). Que viva Umberto! Mal posso esperar seu próximo trabalho! 

(Nota: Umberto Eco terá livro póstumo com textos publicados em jornal)" 
André Luiz Barroso

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