11 de jun. de 2012

Artigo: A Catástrofe Ambiental. Por José Antônio de Carvalho e Silva


A Catástrofe Ambiental

Ao ensejo da realização, na cidade do Rio de Janeiro, em junho de 2012, da conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, retomo a ideia central do meu livro Estresse no Trabalho: Machismo e o Papel da Mulher (Muiraquitã, 2006), qual seja, a concepção machista de vida que rege as ações humanas, notadamente a partir do Século XXVII. Tal concepção encontra naquele período histórico  início da Modernidade  poderosa afirmação no pensamento de filósofos e cientistas como Descartes, Francis Bacon e Isaac Newton. Machismo, nesse contexto, significa a prevalência da mente analítica, científica, sobre outro tipo de saber  intuitivo, subjetivo, “feminino”. Associando a Terra a uma fêmea selvagem e incontrolável e que deveria ser escravizada para dela extrair-se de suas entranhas, sob tortura, tudo o que lhe era de direito, o homem começou, particularmente a partir da revolução industrial, o processo de devastação ambiental que já ameaça a sua própria sobrevivência. 

Construímos, assim, as sociedades modernas na admissão de que a razão seria a base única para sua formação. Tanto no modelo capitalista como no comunista as sociedades modernas foram criadas sob esse imperativo. Ambas profundamente antiecológicas, o capitalismo apenas em maior grau pelas maiores proporções do consumo e desperdício intrínsecas a esse regime.  Elegemos o pensamento calculante como forma largamente hegemônica de conceber a vida. A reflexão foi conduzida à marginalidade, um desperdício de tempo em sociedades que têm como valor fundamental o mero produzir com eficiência econômica sempre maior, a redução do custo unitário da produção tomada como parâmetro único de aferição dessa eficiência. Extrapolamos da física uma visão mecanicista de mundo para outras áreas do conhecimento humano  a economia, a administração, a biologia, a medicina, a psicologia, dentre outras. A atividade econômica conduzida dessa forma causa uma epidemia de estresse no mundo do trabalho, tema de nosso referido livro, e produz o desastre ambiental que já não pode mais ser negado mesmo pelos mais otimistas.
            
E quando falamos em desastre ambiental não falamos apenas em aquecimento global, o efeito estufa causado principalmente pelas emissões de gás carbônico. Referimo-nos também a outras evidências que aí estão: o envenenamento do ar e das águas, a redução drástica das áreas de cultivo de alimentos, a extinção das espécies, a hiper-produção de lixo, industrial e doméstico, e muitas outras formas bastante visíveis da volúpia moderna. Ainda temos chances? Não sabemos. Uma teoria provocativa da evolução da Terra e dos seres vivos que nela habitam, conhecida como Teoria de Gaia, considera o nosso planeta se comportando como um sistema auto-regulador constituído da totalidade dos organismos, rochas de superfície, oceano e atmosfera estreitamente unidos como um sistema em evolução.  Nessa concepção o sistema é dotado de um objetivo: a manutenção do equilíbrio das condições de superfície para que sejam as mais favoráveis possíveis à vida atual. Mas o homem teria consumido de tal forma que a Terra já não consegue sustentar os padrões de conforto a que ele se habituara, e agora ela está mudando de acordo com as suas próprias regras internas para um estado em que o seu grande predador já não é mais bem-vindo.

José Antonio de Carvalho e Silva é autor do livro Estresse no Trabalho: Machismo e o Papel da Mulher.

Saiba mais sobre o autor, clique aqui.
Conheça sua obra, clique aqui.


Nenhum comentário:

Postar um comentário