A Catástrofe Ambiental
Ao ensejo da
realização, na cidade do Rio de Janeiro, em junho de 2012, da conferência da
ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, retomo a ideia central do meu
livro Estresse no Trabalho: Machismo e o Papel da Mulher (Muiraquitã, 2006),
qual seja, a concepção machista de vida que rege as ações humanas, notadamente
a partir do Século XXVII. Tal concepção encontra naquele período histórico
início da Modernidade poderosa afirmação no pensamento de filósofos e
cientistas como Descartes, Francis Bacon e Isaac Newton. Machismo, nesse
contexto, significa a prevalência da mente analítica, científica, sobre outro
tipo de saber intuitivo, subjetivo, “feminino”. Associando a Terra a uma
fêmea selvagem e incontrolável e que deveria ser escravizada para dela extrair-se
de suas entranhas, sob tortura, tudo o que lhe era de direito, o homem começou,
particularmente a partir da revolução industrial, o processo de devastação
ambiental que já ameaça a sua própria sobrevivência.
Construímos, assim, as
sociedades modernas na admissão de que a razão seria a base única para sua
formação. Tanto no modelo capitalista como no comunista as sociedades modernas
foram criadas sob esse imperativo. Ambas profundamente antiecológicas, o
capitalismo apenas em maior grau pelas maiores proporções do consumo e
desperdício intrínsecas a esse regime. Elegemos
o pensamento calculante como forma largamente hegemônica de conceber a vida. A
reflexão foi conduzida à marginalidade, um desperdício de tempo em sociedades
que têm como valor fundamental o mero produzir com eficiência econômica sempre
maior, a redução do custo unitário da produção tomada como parâmetro único de
aferição dessa eficiência. Extrapolamos da física uma visão mecanicista de
mundo para outras áreas do conhecimento humano a economia, a administração, a
biologia, a medicina, a psicologia, dentre outras. A atividade econômica
conduzida dessa forma causa uma epidemia de estresse no mundo do trabalho, tema
de nosso referido livro, e produz o desastre ambiental que já não pode mais ser
negado mesmo pelos mais otimistas.
E quando falamos em desastre ambiental não falamos apenas
em aquecimento global, o efeito estufa causado principalmente pelas emissões de
gás carbônico. Referimo-nos também a outras evidências que aí estão: o
envenenamento do ar e das águas, a redução drástica das áreas de cultivo de
alimentos, a extinção das espécies, a hiper-produção de lixo, industrial e
doméstico, e muitas outras formas bastante visíveis da volúpia moderna. Ainda temos chances? Não sabemos.
Uma teoria provocativa da evolução da Terra e dos seres vivos que nela habitam,
conhecida como Teoria de Gaia, considera o nosso planeta se comportando como um
sistema auto-regulador constituído da totalidade dos organismos, rochas de
superfície, oceano e atmosfera estreitamente unidos como um sistema em
evolução. Nessa concepção o sistema é dotado
de um objetivo: a manutenção do equilíbrio das condições de superfície para que
sejam as mais favoráveis possíveis à vida atual. Mas o homem teria consumido de
tal forma que a Terra já não consegue sustentar os padrões de conforto a que
ele se habituara, e agora ela está mudando de acordo com as suas próprias regras
internas para um estado em que o seu grande predador já não é mais bem-vindo.
José Antonio de Carvalho e Silva é autor do livro Estresse no Trabalho: Machismo e o Papel da Mulher.
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